Ex-árbitro troca apito pela prancheta e conduz Taubaté no goalball

17/05/2022
São José dos Campos/SP

O goalball segue correndo pelas veias do paulista João Pedro Ferreira, mas, desde esta terça-feira (17), na estreia do Regional Sudeste 2, ele olha para a bola azul sob outra perspectiva. Ex-árbitro da modalidade, iniciou oficialmente a carreira como treinador conduzindo a equipe da sua cidade natal, a ADV-Vale (Associação dos Deficientes Visuais de Taubaté e Vale do Paraíba). Do banco, e não mais da beirada da quadra, as sensações foram bem diferentes das que ele estava acostumado.

"É muito diferente estar na quadra como árbitro e como treinador. O nervosismo já começa no treino. Ontem, quando chegamos ao hotel, eu estava bastante pilhado. Mas confiei muito nos meninos, os treinos foram bons, fizemos amistosos preparatórios. Depois do 'quiet, please', o nervosismo passou. Agora, é lutar para conseguir a classificação para o Brasileiro", conta o treinador de 25 anos. O Regional garante duas vagas, uma em cada divisão nacional, tanto no torneio feminino quanto no masculino.

A trajetória na arbitragem acabou sendo rápida – começou em 2018 –, mas durou tempo suficiente para ele conhecer o esporte e, na nova missão, tentar crescer rapidamente como vinha fazendo com o apito. "Foi uma transição difícil porque na arbitragem eu vinha subindo de nível e fui convocado para o meu primeiro evento internacional ao mesmo tempo em que recebi o convite para treinar a ADV-Vale. Então, meu pedido foi para que eu assumisse o time depois do Campeonato das Américas e da Supercopa, que eram eventos para os quais eu já estava convocado", explica, referindo-se aos dois torneios realizados em 2022. "Estudei um tempo, corri atrás, fiz o curso da Academia Paralímpica este ano. E aí vi que era hora de ir para cima", completa.

O curioso é que este caminho trilhado por João costuma ser inverso, ou seja, quem já trabalha em equipes acaba migrando para o apito. É o caso, por exemplo, de Vinicius Braga, que começou no goalball na comissão técnica da Adevibel-MG, primeiro como preparador e, posteriormente, treinador. Em 2012, fez o curso de arbitragem apenas para se aperfeiçoar, mas nunca mais deixou o posto que ocupa até hoje. "Era para melhorar meu trabalho na comissão, mas foi tomando proporção e acabei vendo uma possibilidade de crescimento maior na arbitragem", diz o mineiro de 34 anos, que apita desde 2013. "Meu grande sonho como técnico era chegar na Seleção. Agora, como árbitro, é apitar nos Jogos Paralímpicos." 

Estreia quase perfeita

As duas primeiras partidas da ADV-Vale sob o comando do técnico João Pedro Ferreira deixaram boa impressão, apesar de ele ter perdido a segunda. Primeiro, o time de Taubaté derrotou a Sfict (Sociedade Francana de Instrução e Trabalho para Cegos) por 14 a 8. À tarde, voltou para a quadra do Ginásio Poliesportivo da ADC Embraer, em São José dos Campos, para fazer confronto disputadíssimo diante do Insep e perder de 10 a 9. 

Confira todos os resultados do primeiro dia de disputas e o restante da tabela com os confrontos desta quarta-feira:

O Regional Sudeste 2 tem o mesmo sistema de disputa para homens e mulheres: todos se enfrentam dentro dos grupos e os dois melhores de cada avançam às semifinais. O Sesi é o atual campeão nas duas categorias e maior ganhador da competição desde que a CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) passou a administrar a modalidade, em 2011.

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