Aos 43 anos, multicampeão João Batista disputa a Série B pela primeira vez

03/12/2023
São Paulo/SP

O fôlego não é o mesmo, e os dois gols da vitória do Cedemac-MA (Centro Desportivo Maranhense de Cegos) sobre o Insep-SP (Instituto Socioesportivo Paratleta), por 2 a 1, na abertura do Campeonato Brasileiro - Série B de futebol de cegos, neste domingo (3), não foram marcados por ele. Mas o número 9 estampado nas costas e a liderança ainda impõem respeito e fazem de João Batista um dos trunfos dos maranhenses na tentativa do acesso à elite da modalidade. Aos 43 anos, um dos maiores artilheiros da Seleção Brasileira em Jogos Paralímpicos disputa pela primeira vez a Segunda Divisão. E, mesmo que o esporte já não ocupe o espaço em sua vida que ocupou nos áureos tempos, ainda motiva o veterano a seguir em campo.

"Hoje, tenho o meu trabalho e já praticamente nem treino mais. Mas estou feliz com a oportunidade de jogar uma Série B pela primeira vez", diz João, bicampeão paralímpico (Atenas 2004 e Pequim 2008) pelo Brasil e autor de 11 gols no maior evento paradesportivo do planeta. Os 27 anos dedicados ao futebol de cegos se confundem com a própria ascensão da modalidade no cenário mundial. Ele começou a praticar em 1996, quando, de cara, ganhou seu primeiro Campeonato Brasileiro defendendo a Adevibel-MG. No ano seguinte, quando foi disputada a primeira competição internacional reconhecida, a Copa América de Assunção, no Paraguai, João já estava lá, vestindo a amarelinha.

Ao lado de craques que ajudaram a colocar o país no topo com títulos continentais, mundiais e paralímpicos, como Damião, Marquinhos e Mizael, hoje presidente do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), ele colecionou conquistas e a fama de goleador. Só em Atenas 2004, foram nove, o que fez dele artilheiro do torneio de onde ele traz uma de suas memórias mais gostosas: "Na final, eu levei um 'tostão' na perna e não consegui jogar direito. Na decisão por pênaltis, eu fui lá bater e errei. Sentei no chão e comecei a chorar. O Fábio (Vasconcelos, ex-goleiro e atual treinador da Seleção) veio e acertou um direto no meu peito, falando: 'Pô, você tem goleiro! Eu vou pegar e seremos campeões. Você já fez pela gente, agora é a minha vez!'. E ele foi lá e pegou o pênalti, o Damião e o Miza fizeram e vencemos a Argentina. Foi o soco mais gostoso que levei na minha vida (risos)!", conta João Batista.

Ao lado de jogadores mais jovens e atuais destaques da modalidade, como o argentino Maxi Espinillo, autor dos gols da vitória do Cedemac na partida de hoje, João orienta e ainda arrisca suas finalizações. Uma carreira e tanto para quem era tido como grosso no início: "Eu fiz natação, atletismo, o que tivesse de esporte. E no futebol eu era o pior jogador que tinha no instituto. Era uma briga pra ver em qual time eu jogaria, porque seria o time com um a menos", relata.

Sobre a Série B 2023

O Campeonato Brasileiro - Série B de futebol de cegos vem sendo disputado no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, com oito equipes de seis estados brigando por três vagas na elite da modalidade. O torneio conta com dois grupos de quatro equipes que se enfrentam entre si em turno único. As duas primeiras de cada chave se cruzam nas semifinais (1º A x 2º B; 1º B x 2º A). Sobem à Série A campeão, vice e terceiro colocado. Confira a tabela da competição:

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Patrocínio

A Loterias Caixa é a patrocinadora oficial do futebol de cegos brasileiro.

Comunicação CBDV
Renan Cacioli
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