Acostumada a aguardar sua vez, Lúcia Araújo dribla ansiedade por Tóquio

Acostumada a aguardar sua vez, Lúcia Araújo dribla ansiedade por Tóquio

por Comunicação CBDV — publicado 2020/06/04 00:00:00 GMT-3, Última modificação 2022-03-10T15:00:07-03:00
Judoca, que ficou sete anos parada antes de voltar a competir, conta como foi de 'esforçada' a medalhista paralímpica

Por Comunicação CBDV
04/06/2020
São Paulo/SP

Esperar não é necessariamente uma tarefa das mais complicadas para Lúcia Araújo. Afinal, o que é o adiamento de um ano para os Jogos de Tóquio a quem aguardou sete até voltar a vestir um quimono e competir? Em participação nesta quinta-feira (4) do "CBDV Ao Vivo", a judoca da Seleção Brasileira contou como foi o início nos tatames, aos 15 anos de idade, e o hiato até virar atleta de alto rendimento e medalhista paralímpica – ganhou a prata na Rio 2016 e em Londres 2012.

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A mais velha de uma família de três irmãos é a única com deficiência visual – nasceu com baixa visão devida uma toxoplasmose congênita. Incentivada por Luciano e Lucas, deu os primeiros golpes sob orientação do sensei Tadashi Kimura, de quem sempre ouvia que era esforçada. Passou quatro anos, até os 19, com isso na cabeça. Talvez não fosse boa o bastante.

Com mudança de casa, estudos e outros planos pela frente – inclusive o de cursar Direito –, deixou o judô de lado. Não praticava nem por hobby. Isto até 2006, recebeu o convite para voltar a treinar. "Por um acaso, eu ainda tinha minha faixa verde. Foi muito doído largar, então, nunca imaginei que voltaria", disse.

Em outubro daquele ano, disputou o Campeonato Brasileiro da modalidade – hoje chamado de Grand Prix e administrado pela CBDV. "Lembro de cada minuto quando voltei, de colocar o quimono, subir no tatame. Foi um sentimento único, como ficar longe de casa por muitos anos, voltar, abrir o portão e sentir o cheiro daquela comida de mãe, de vó", comparou.

A família torceu o nariz de início. Achava que Lúcia não conseguiria conciliar os projetos dentro e fora do esporte. A medalha de ouro naquela competição, sete anos depois de ter parado de lutar, virou a melhor prova de que seu lugar sempre fora nos tatames.

No ano seguinte, acabou convocada pela primeira vez para a Seleção. Começou, de fato, a vivenciar uma rotina de atleta de alto rendimento. "Enquanto uns tinham de melhorar a parte física ou a parte técnica, eu tinha de melhorar tudo. Foi um trabalho árduo", conta. No último treino antes de Pequim 2008, sua primeira Paralimpíada, ouviu do técnico Jaime Bragança algo que lhe marcaria para sempre: "Se continuar nesse ritmo por quatro anos, a gente ganha medalha", sentenciou o treinador.

A profecia veio prateada em Londres: "Foi a cereja do bolo. Eu já havia construído durante todo o ciclo aquele lugar ali", falou a judoca, que repetiria a prata na Rio 2016, quando sentiu um misto de frustração por ter perdido a luta final, mas ao mesmo tempo uma emoção única ao ser ovacionada pela torcida dentro de casa.

Lúcia morde a medalha de prata no pódio da Rio 2016. Foto: CPB


Agora, com Tóquio em compasso de espera enquanto o mundo tenta voltar ao normal em meio ao coronavírus, a atleta lida com a ansiedade administrando a rotina das tarefas domésticas com os treinos enviados pela comissão técnica. "A CBDV está estruturando a gente, dando esse respaldo. Isso é muito legal", ressalta.

Pensando bem, aguardar não é nenhuma novidade para ela.


Comunicação CBDV

Renan Cacioli

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