Multicampeã paralímpica, velocista Adria Santos troca as pistas pelo goalball

27/05/2025
Porto Alegre/RS

A passada na quadra não precisa ser tão rápida quanto era nas pistas. A precisão, porém, permanece na mente da ala Adria Santos, jogadora de goalball, da mesma forma como era nos seus tempos de velocista. Aos 50 anos de idade, uma das maiores campeãs paralímpicas do Brasil em toda a história, com 13 medalhas, resolveu testar suas habilidades em outro esporte. No Regional Sul de Goalball 2025, que vem sendo disputado em Porto Alegre (RS), Adria trocou a corrida pelos gols e vem defendendo as cores da AJIDEVI (Associação Joinvilense para Integração dos Deficientes Visuais).

"Está sendo maravilhoso, completamente diferente do que eu estava acostumada. Eu digo diferente, mas nem tanto, né? Porque lá a gente tinha uma equipe também de guias, treinadores, toda aquela equipe por trás. Mas aqui é diferente porque estamos em quadra, né, todo mundo junto. E não é 'eu tenho de dar o meu melhor', mas a gente tem de ser uma equipe", compara a atleta, que era conhecida como "Filha do Vento", tamanha a velocidade exibida quando corria.

Das 13 medalhas em Jogos Paralímpicos que Adria ganhou desde a estreia, em Seul 1988, quatro foram de ouro, além de oito pratas e do bronze que fechou sua participação em Paralimpíadas, em Pequim 2008. Apenas em Paris 2024, acabou ultrapassada pela nadadora Carol Santiago, dona de cinco ouros paralímpicos. Mas se engana quem pensa que o espírito competitivo ficou reservado ao atletismo. Quando pisa em quadra, a ex-velocista quer dar o seu melhor.

"Quem me conhece sabe o quão importante é, para mim, sentir essa adrenalina de competição. Eu falei 'um gol, eu quero fazer'. E eu tô superfeliz porque consegui!", comemora a mineira nascida em Nanuque, que foi perdendo a visão aos poucos por causa de uma doença degenerativa, até ficar completamente cega aos 20 anos, em 1994.

Segunda rodada em Porto Alegre

No Regional Sul, a equipe de Adria ainda não venceu após duas rodadas. Nesta terça, mais 12 jogos deram sequência ao torneio, que começou na segunda e será disputado até sábado, na quadra do SESC Protásio Alves. O evento reúne 23 equipes, sendo 14 na chave masculina e nove na feminina. Na categoria das mulheres, há dois grupos, um com quatro e outro com cinco equipes, que jogam entre si em turno único. As duas melhores de cada avançam às semifinais. Na chave masculina, são três grupos com cinco times. Todos jogam entre si nas chaves em turno único. Avançam às quartas de final os oito melhores colocados no geral, independentemente do grupo a que pertençam. 

Confira a tabela com os resultados e a sequência da competição:

Todos os Regionais de goalball concedem uma vaga no feminino e uma no masculino no Campeonato Brasileiro Série B 2025 aos times melhores colocados que já não estejam previamente classificados para alguma das duas divisões nacionais. No caso do Sul, quatro equipes da chave masculina entrarão em quadra já garantidas: IRM-PR (Instituto Roberto Miranda) e AMACAP-PR (Associação Maringaense dos Amigos do CAP), que jogarão a Série A, e ACERGS-RS (Associação dos Cegos do Rio Grande do Sul) e ACESA-SC (Associação Catarinense de Esportes Adaptados), que estão na B.

Sobre o Regional Sul de Goalball 2025

Trata-se do terceiro Regional da modalidade organizado pela CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) na temporada, após o calendário já ter passado por Natal (RN) e São José dos Campos (SP). Haverá ainda etapas em Cuiabá (MT) e Vitória (ES). Você pode conferir o calendário completo de 2025 AQUI.

A ACESA é a maior campeã da história no feminino, com quatro títulos, e uma das maiores no masculino, também com quatro conquistas, atrás do IRM, que soma cinco com o atual nome e duas como ILITC.

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